13/12/2018 atualizado em : 24/11/2023

Série PEP: 07 – Riscos associados às PEPs – Corrupção

13/12/2018 atualizado em : 24/11/2023

Por: Talita de Carvalho

Em nossa série abordamos, até agora, temas relacionados à qualificação de PEPs. Desta forma, cientes da necessidade de identificá-los e dos quesitos previstos para isso, passamos a abordar os riscos a eles associados.

Assim, podemos afirmar que um dos principais riscos associados às pessoas expostas politicamente (PEPs) é a corrupção. O Brasil dos últimos anos, por exemplo, tem estado mergulhado em casos de corrupção. Os escândalos de desvios de dinheiro público, revelados pela operação Lava Jato, da Polícia Federal, causaram indignação popular e levaram muitas pessoas à prisão. A maioria dos crimes investigados pelas autoridades contava com a participação de PEPs, além de empresários e executivos de grandes companhias.

Se por um lado as PEPs podem garantir novos contratos em licitações do poder público, por outro, elas podem contribuir para perdas incalculáveis.

Há vários fatores que podem levar uma PEP a se envolver com a corrupção e os mais comuns são: enriquecimento ilícito; recebimento de propina, em forma de doações, para custeio de campanhas partidárias; compra de votos para se eleger ou manter-se em determinado cargo e até mesmo compra de apoio político. Em contrapartida, as empresas procuram as PEPs para obterem vantagens ou benefícios ilícitos em processos licitatórios, ou mesmo para exigirem mudanças em projetos de leis que possam beneficiá-las.

IPLD pep

A linha que estabelece os limites nas relações entre  PEPs e o setor privado é muito tênue 

Temos diversos exemplos atuais de casos nos quais o limite na relação entre PEP e setor privado foi ultrapassado. Quem não se lembra do caso do ex-deputado federal, Eduardo Cunha (MDB), preso e condenado pelo crime de corrupção? Ele era o responsável pela arrecadação de dinheiro de empresas para financiar campanhas de parlamentares de seu partido. Mais tarde, ele se beneficiou do apoio desses deputados para chegar à presidência da Câmara.

Outro exemplo deste relacionamento delicado, que resultou em prisões, é o caso dos irmãos, Joesley e Wesley Batista, donos do grupo J&F. No início de 2017, eles revelaram à Procuradoria-Geral da União (PGR) um esquema de corrupção envolvendo o grupo empresarial deles, o presidente da República, Michel Temer (MDB), e o senador Aécio Neves (PSDB). O envolvimento da J&F nesse caso trouxe graves consequências para a reputação das empresas do grupo perante os seus clientes, acionistas e credores.

Casos desse tipo deixam para trás um rastro de prejuízos para as empresas envolvidas, como o dano reputacional, que é imensurável, e para a sociedade que deixa de ver implantadas importantes políticas e ações públicas em seus municípios, estados e no país como um todo.