15/01/2024

Espião preso no Brasil recebia ajuda de funcionário da diplomacia russa no país

15/01/2024

O Fantástico apurou que, quando as investigações começavam a se fechar sobre o diplomata Ivan Chetverikov, no segundo semestre do ano passado, ele foi embora do Brasil.

O russo Sergey Cherkasov, preso há quase dois anos por uso de documentos brasileiros falsos e suspeito de espionagem, pode ser solto em breve. O Fantástico deste domingo (14) revela com exclusividade que, segundo investigação da Polícia Federal, ele recebia ajuda de um funcionário da diplomacia russa no Brasil.

Liberdade à vista?

Tido como espião por autoridades norte-americanas, Sergey foi condenado a 15 anos e está preso há 20 meses. Segundo autoridades americanas, ele passou anos no Brasil com um nome falso: Victor Muller Ferreira. Também estudou na Irlanda e nos Estados Unidos — ficava indo e voltando.

Até que, em abril de 2022, o espião conseguiu um estágio no Tribunal Internacional de Haia, na Holanda, e a farsa desmoronou. Alertada pelos americanos, a imigração do aeroporto holandês barrou Sergey. E, como ele estava vindo do Brasil, ele foi devolvido.

Na Justiça do Brasil, a condenação foi rápida: 15 anos de cadeia, por diversos usos do passaporte brasileiro falsificado. Só que, agora, a situação jurídica mudou.

“De novidade teve a decisão, né? Que logramos êxito aí em reduzir a pena dele, que inicialmente, em primeira instância, ele recebeu a pena de 15 anos em segunda instância, o juiz aplicou a tese do crime continuado e reduziu para 5 anos, 2 meses e 15 dias”, disse um advogado de Sergey.

Pela lei brasileira, quem cumpre um sexto da pena já pode ser solto. E esse é o caso de Sergey, considerando a sentença reduzida. Mas a liberdade do suposto espião dependerá do resultado das investigações da PF.

O suposto espião russo preso no Brasil, Sergey Cherkasov, e o funcionário da diplomacia russa que ajudava Sergey com dinheiro, Ivan Chetverikov, foram indiciados por lavagem de dinheiro e associação criminosa.

Se o processo avançar na justiça, pode frustrar os planos de Sergey, que pretende voltar para a Rússia e assumir uma acusação de tráfico de drogas por lá.

Mas por que alguém que pode ser solto a qualquer momento no Brasil, vai querer voltar para a Rússia para cumprir uma pena pesada?

“É mais pela questão de segurança, então, ele prefere ficar no país de origem, por questão de segurança e aproximação familiar”, explica o advogado.

A defesa insiste: não há razão para o russo continuar na cadeia — ainda mais no presídio de segurança máxima em Brasília.

“Ele está em um sistema prisional totalmente incompatível, até porque ele foi condenado por uso de documento falso, um crime sem violência. É um crime sem grave ameaça. Não é um crime de alta periculosidade e está preso num sistema de penitenciária federal onde estão os maiores”, acrescenta a defesa.

Em nota, o Supremo Tribunal Federal informou que aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República para julgar o pedido da defesa, ainda que temporariamente. O consulado russo em São Paulo não respondeu aos contatos feitos pelo Fantástico.

Fonte: G1 Fantástico