22/01/2024

Contratação de pessoas acima dos 50 anos fortalece práticas ESG nas empresas

22/01/2024

Especialista destaca a importância de incluir a Diversidade Etária nas ações de ESG

A população economicamente ativa está ficando mais velha e pode aumentar, exponencialmente, nos próximos anos. É o que indica o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que aponta que em até 20 anos, 57% da força de trabalho terá mais de 45 anos. 

Com essa mudança na demografia do país, empresas brasileiras estão se movimentando para atrair profissionais acima dos 50 anos, que além de experientes, carregam consigo visão de mundo, bagagem e vivências profissionais e pessoais.

Nesse cenário, e diante das pautas ESG que o mundo corporativo vem adotando – de investir em ações de ambiente, inclusão e governança -, a diversidade etária, com a contratação de pessoa mais maduras, e a criação de times multigeracionais, vêm se tornando mais comum nas organizações. 

Para entender como as empresas podem ampliar a contratação de pessoas acima dos 50 anos e como se preparar para receber esses profissionais, O TEMPO ouviu a consultora e especialista em diversidade etária, Dani Barcellos:

Quais os principais preconceitos relacionados à contratação de profissionais 50+? 

Os mais frequentes são que eles perdem a energia e não conseguem mais realizar atividades desafiadoras e/ou que exigem esforço, que têm mentalidade conservadora e são resistentes às mudanças, que não conseguem aprender e tem dificuldade com tecnologia. Também vemos preconceitos em relação à idade e a cargos assumidos. A ideia de uma pessoa de 50 anos estar se candidatando a uma função como analista ou especialista leva a conclusões estereotipadas de falta de competência ou de falta de motivação.

Por que as empresas devem adotar ações de diversidade etária em suas práticas de ESG na atualidade?

Na governança, umas das políticas diz respeito ao combate aos preconceitos, inclusive ao etarismo no ambiente de trabalho. É crucial que as companhias e os investidores compreendam a importância de incluir a cultura positiva do envelhecimento, valorizando a experiência e o potencial valioso dessas pessoas de contribuir com insights relevantes nas decisões empresariais, inclusive na orientação para um caminho mais consciente e sustentável.

Muitas companhias alegam ser muito desafiador contratar pessoas com 50+. Como você enxerga isso e como as empresas podem avançar nesse aspecto? 

O principal desafio é promover a inclusão e trabalhar a diversidade geracional. Não adianta contratar pessoas 50+ se as lideranças e as equipes não estiverem preparadas para acolher essas pessoas. Precisa haver conscientização sobre o etarismo, desconstrução de estereótipos e ações sobre a importância de ter uma diversidade geracional na empresa. Além disso, as lideranças precisam estar preparadas para inspirar e engajar um time multigeracional, que tem formas diferentes de trabalho. 

Como as empresas podem começar a desenvolver iniciativas de diversidade etária?

A primeira coisa é a consciência sobre as vantagens de ter essas pessoas nas equipes e a necessidade de efetuar essa inclusão em função do envelhecimento populacional. Depois, vem a conscientização, desconstrução de estereótipos, políticas antidiscriminatórias em processos de recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, aposentadoria, grupos de afinidade e outras ações.

O que é ESG?

A sigla ESG (do inglês “Environmental, Social and Governance”) corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização, com intuito de promover uma jornada de transformação  dos negócios. O termo ESG surgiu em 2004, em publicação do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com o Banco Mundial: “Who cares wins” (“Quem se importa ganha”, na tradução livre). Os critérios ESG estão relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelo Pacto Global e várias entidades internacionais.

Fonte: O Tempo