Com os avanços tecnológicos, o surgimento de novos desafios operacionais e as constantes mudanças regulatórias, o setor financeiro atravessa um processo de evolução contínua. Se há algo certo, é que, em 2025, temas relacionados à prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, à conformidade regulatória e à integridade corporativa continuarão no centro das discussões. Nesse cenário, a habilidade de inovar, aliada à capacidade de adaptação às exigências regulatórias, será fundamental para as instituições que buscam fortalecer sua confiança no mercado e atuar com transparência e responsabilidade em um ambiente altamente competitivo. Além disso, antecipar-se em assuntos importantes pode ser um diferencial estratégico. Nesta primeira parte da entrevista, Adilson Lobato, Diretor da AML Outsourcing e especialista em integridade corporativa com mais de trinta anos de experiência, compartilha suas perspectivas sobre as principais tendências e os desafios emergentes para 2025. Ele aborda como líderes e organizações podem estar preparados para o futuro do compliance no setor financeiro. 1. Olhando para 2025, qual a sua visão sobre o Compliance no setor financeiro brasileiro? Você diria que é um cenário de desafios a serem superados ou de oportunidades a serem exploradas, ou ambos? A busca pela evolução é premissa para qualquer sistema, organização e para a própria sociedade. Se olharmos para antes de 2020, verificaremos que o esperado dos profissionais da área era a adoção de um padrão. As normas indicavam esse padrão e as pessoas sujeitas aos regulamentos o adotavam, nem sempre sabendo quais riscos possuíam, tampouco se os padrões ditados seriam adequados para mitigar os riscos que incidiam sobre seus negócios. Em 2025 teremos cinco anos das primeiras normas, recomendando explicitamente que o conhecimento e o enfrentamento dos riscos inerentes ao seu negócio é o que realmente importa e o que será cobrado dos responsáveis pelos programas de defesa das instituições. Não como ameaça, mas como uma sinalização de prudência, constatamos os primeiros casos de penalizações a instituições que falharam na elaboração ou, até mesmo, nem chegaram a elaborar as avaliações internas de risco e as avaliações de efetividade normatizadas pelos reguladores. Essas penalizações são públicas e podem ser consultadas nos sites dos respectivos reguladores. Mas de outro lado, vemos oportunidades para quem trata a conformidade regulatória como um negócio, como por exemplo, quando um decreto federal recém editado prevê que os programas de integridade terão sua importância aumentada nos processos de contratação e compras com recursos públicos. 2. Considerando a evolução do ambiente regulatório do setor financeiro nos últimos anos, quais os principais desafios e tendências regulatórias que você antecipa para 2025 no Brasil, em relação a PLD-FTP, Compliance e Integridade Corporativa? Já temos uma agenda sinalizada e bastante robusta e interessante. Temos a expectativa da regulamentação da prestação de serviços de Banking as a Service (Baas), que virá trazer luz para esse segmento já importante e que tem observado um crescimento relevante. Aguardamos a regulamentação do funcionamento das prestadoras de serviços de ativos virtuais e, também, da prestação de serviços de ativos virtuais por outras instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. Esse mercado, há tempos, evidencia sua relevância com valores elevadíssimos transacionados e uma aceitação crescente pela sociedade. Também são aguardadas, com alta expectativa, as regras para o aprimoramento das estruturas de gerenciamento de riscos nos arranjos de pagamentos integrantes do Sistema Brasileiro de Pagamentos (SPB). Se consumado, esse aprimoramento trará mais segurança e transparência aos milhões de brasileiros que utilizam os modernos meios de pagamento disponíveis em nosso País. 3. Quais impactos essas tendências podem trazer para as instituições financeiras, e como elas podem se preparar para atendê-las de forma eficiente? Essas iniciativas aguardadas para 2025, quando implementadas, colaborarão para o aprimoramento da solidez e da eficiência das instituições, trazendo comandos mais objetivos para os profissionais de compliance e PLD-FTP. A par de trazer mais clareza e segurança para atuação dos profissionais envolvidos, as inovações que listei, e outras que com certeza virão, serão mais bem internalizadas pelos profissionais que tiverem se preparado previamente, especialmente em relação a conhecer os riscos que envolvem os negócios que sua instituição realiza. Essas novas normas trarão a previsão da implementação de novos controles. Para a implementação desses controles em perfeita sintonia com a economicidade e a eficiência decorrentes da abordagem baseada em riscos (ABR) é importante que os profissionais de compliance e PLD-FTP tenham se antecipado e realizado uma adequada avaliação interna de riscos. Conclusão Na primeira parte desta entrevista, Adilson Lobato destacou os principais desafios e oportunidades que o setor financeiro enfrentará em 2025, com foco em PLD-FTP, Compliance e Integridade. Ele ressaltou a importância de uma abordagem proativa na gestão de riscos, especialmente diante de regulamentações para Banking as a Service (BaaS), ativos virtuais e aprimoramento dos arranjos de pagamento. Na próxima parte, Adilson aprofundará a discussão sobre temas que ganharam destaque em 2024, como apostas esportivas (bets), inteligência artificial e a evolução do BaaS, explorando como essas tendências continuarão relevantes em 2025. Além disso, alguns conselhos para os líderes que atuam com integridade corporativa. Da redação