A expressão “VUCA” remonta os anos 90, criado na guerra do golfo pelo exército Americano para se referir ao mundo incerto, o acrônimo inglês “VUCA” significa Volatility (volatilidade), Uncertainty (incerteza), Complexity (complexidade) e Ambiguity (ambiguidade). Já o termo “BANI” foi criado pelo antropólogo e professor Jamais Cáscio (UCLA), e se propagou em 2020, após a publicação de seu artigo “Facing The Age Of Chaos” para se referir ao mundo frágil, o termo “BANI” significa Brittle (Frágil), Anxious (Ansioso), Nonlinear (Não-linear), Incomprehensible (Incompreensível). Característica de VUCA Volatility = Volatilidade É a velocidade, transformação com as quais as mudanças acontecem, quanto maior a volatilidade do mundo, mais rápida as mudanças acontecem. Uncertainty = Incerteza Incapacidade de fazer previsões, tornando-se impossível definir padrões a serem seguidos. Complexity = Complexidade Possui múltiplos aspectos ou elementos cujas relações de interdependência são incompreensíveis e complicados. Estes elementos precisam ser ponderados e considerados para tomada de decisões. Ambiguity = Ambiguidade Inúmeras informações contraditórias, incompletas e/ou imprecisas, o que dificulta tomar decisões acertadas, tornando as escolhas mais arriscadas. Característica de BANI Brittle = Frágil É algo instável ou pouco duradouro, poderá ter resultados imensuráveis. Anxious = Ansioso Inquietação sobre algo ou alguma coisa. Sensação de impotência, atrelado à ideia que, por mais que façamos algo para mudar uma situação, ainda será insuficiente. Em um mundo potencialmente ansioso, todas as escolhas têm chances de trazer resultados não desejados e até mesmo desastrosos. Nonlinear = Não-linear Não linear é um termo utilizado para definir algo que não apresenta um sentido único, ou que não segue uma mesma regra no seu início, meio e fim. São os resultados derivados de eventos inesperados e não programados (como o corona vírus) e, consequentemente, a quebra de padrões estabelecidos e utilizados. Um reflexo disso pode ser visto nas tomadas de decisões, que comumente são abaladas pela incerteza do novo caminho que se abre decorrente da mudança de um padrão. Incomprehensible = Incompreensível De modo geral, quando os cenários mudam, as respostas que as pessoas buscam tendem a não fazer muito sentido. Quando não temos resposta para algo que é importante para nós, o natural é buscarmos mais informações, o que pode levar ao consumo excessivo de orientações e até mesmo à sensação de FoMo, “Fear of Missing Out”, em português, medo de perder algo. A evolução do mundo VUCA para o BANI desafia a Gestão de Compliance? O mundo VUCA ficou para trás, evoluindo para um mundo BANI acelerada pela pandemia do Covid-19. De um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo, passamos para um que é frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. A pandemia mudou significativamente o mundo, impactando organizações, governos, empresas e pessoas diante das incertezas provocadas pela pandemia, por outro lado acelerou as inovações, alterou a forma de se trabalhar, consumir produtos e serviços, tornou o mundo mais conectado e tecnológico, os planejamentos ficaram menos duradouros, trazendo o longo prazo para o médio prazo. Testemunhamos um crescente aumento de informações e dados trafegarem por e-mails e outras plataformas com criações de contas digitais, e-commerce, deliveries, reuniões e trabalhos em home office, aumentando os cuidados com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) e segurança da informação. Neste mesmo ritmo aumentaram os casos de crimes Cibernéticos, Engenharia Social, Fraudes e Lavagem de Dinheiro, cujas áreas como Compliance, Controles Internos, Riscos, Auditorias, Prevenção a Fraudes e PLD/FT, também aumentaram seus alertas (surveillance e Red Flags), monitorando, analisando e cruzando diversos tipos de dados. Além de aprimorar ferramentas de analytics, Customer Due Diligence (CDD), Enhanced Due Diligence (EDD) e princípio conheça seu cliente (KYC), conheça seu fornecedor (KYS), conheça sua transação (KYT) e conheça seu produto e serviço (KYPS). As transformações mundiais, também atingiram áreas como o Planejamento Estratégico, antecipando as estratégias corporativas, governamentais e pessoais de longo prazo para o médio prazo, os Planos de Continuidade de Negócios (PCN), saíram dos rascunhos e tornaram-se planos efetivos, face as incertezas geradas como: dependência da internet e possíveis interrupções das conexões por uma alta demanda de utilização, além das inseguranças por outras pandemias virais, invasões de redes por “Crakers/Hackers”, e outras possíveis catástrofes. Importante destacar neste período “pandêmico”, os principais órgãos reguladores (CMN, BACEN e CVM) preocupados com a saúde financeira (“solvência”) das corporações e os processos de sucessões dos Conselhos de Administração das organizações, instituíram novas regras e políticas, com a finalidade de evitar futuros colapsos e paralisações das atividades das instituições financeiras. Também testemunhamos um aumento da poluição no meio ambiente, pois com o aumento das vendas pela internet e plataformas digitais passamos a consumir e descartar mais embalagens plásticas, trazendo severos danos ambientais, contaminação e doenças ocasionadas pelos microplásticos. Os profissionais e as áreas de Compliance estão tendo que se adaptar a esse novo desafio pós-pandemia, principalmente com as novas ferramentas da tecnologia da informação, segurança da informação, novas políticas governamentais e institucionais de ESG; LGPD; Governança; Risco; Compliance; Controles Internos; Auditorias; PLD/FT; Plano de Continuidade de Negócios (PCN) e Planejamento Estratégico. Referências: Instituto Brasileiro de Coaching Mundo VUCA x Mundo BANI | Saint Paul Escola de Negócios World.org Administradores.com Autor: Alberto Luiz Bloise Jaccoud Cardoso Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Cândido Mendes e Direito pela Universidade Estácio de Sá. Especializou-se em Direito com prática Forense pela FEMPERJ (Fundação Ministério Público do Estado do RJ), Pós-graduado em Planejamento Estratégico e Qualidade Total, em Direito Empresarial e Societário, ambos pela Universidade Cândido Mendes. Atualmente estuda MBA em Controladoria pela Escola de Negócios Saint Paul. Possui experiência em Instituições Financeiras, BIG FOUR, Indústrias de OIL & GAS, Advocacia, Finanças, Consultorias, Auditorias Empresariais e Compliance.Vivenciando o ambiente de empresas nacionais e internacionais, passando por diversas áreas e departamentos, tendo atuado na Gestão Financeira, Comercial, Jurídica, Auditoria e Compliance.