Aos estudar ou trabalhar com temas que tocam Compliance e PLD, é muito comum se deparar com acrônimos. Já começamos pela sigla PLD, de Prevenção a Lavagem de Dinheiro, ou ainda, AML em inglês.Aqui, trago algumas diferenças entre os processos de KYC (Know Your Customer) e CDD (Customer Due Diligence), na tradução, “conheça seu cliente” e “devida diligência do cliente”, respectivamente.O KYC está mais relacionado as verificações realizadas no início do relacionamento com o cliente. Busca identificar, basicamente, se o cliente é quem ele diz que é, sendo este, um ponto muito importante, principalmente a luz das legislações de PLD e para entidades reguladas por tais legislações.Com o desenvolvimento do KYC, surgiu a questão de que a identificação e verificação eram limitadas em sua eficácia, no combate à lavagem de dinheiro, e a identificação da fonte de recursos tornou-se um dos principais focos do processo. Esse desenvolvimento incentivou fornecedores a desenvolver softwares de verificação de clientes, que também podem detectar se uma organização terceirizada ou um indivíduo está sujeito a sanções comerciais e ajudar na escalabilidade do processo.Neste contexto, e seguindo a própria autorregulação bancária brasileira, no tocante a prevenção de atos ilícitos, surgiram novas siglas que se remetem a novas necessidades de identificação e verificação, sempre como melhoria contínua dos programas de PLD e abordando, cada vez mais, uma visão sistêmica: – KYE – Know your employee ou conheça seu funcionário. – KYS – Know your supplier ou conheça seu fornecedor. – KYP – Know your partner ou conheça seu parceiro. Já em relação a devida diligência do cliente (CDD), a verificação de sanções comerciais, por exemplo, é parte integrante do onboarding do cliente, pois o não cumprimento das sanções é uma ofensa de responsabilidade estrita, ou seja, nenhuma justificativa é considerada pelas autoridades relevantes, portanto parte essencial da devida diligência do cliente.Mas quando usar KYC e CDD? Para entidades regulamentadas, a verificação de KYC, que era suficiente no passado, agora se transforma em programas de CDD, sendo que a principal diferença entre KYC e CDD, além da ênfase na fonte de fundos, é que os checks de CDD continuam ao longo do relacionamento com o cliente.O CDD fornece uma estrutura de garantia contínua às organizações, para que as movimentações financeiras possam ser monitoradas e as atividades suspeitas e “red flags” (ou sinais de alerta) possam ser detectados. Desta forma, o CDD continua o bom trabalho realizado no início do relacionamento do cliente, com o KYC e, por isso, é incorporado como parte integrante do programa de AML, incluindo questões como: volume de transações, valores, distribuição geográfica, sempre analisados em intervalos regulares. No entanto, é importante ressaltar que a verificação dos sistemas de software é tão boa quanto as lógicas que são inseridas neles, devendo estas passarem por atualizações regularmente, para produzir resultados efetivos.Não poderia deixar de comentar o conceito de EDD (enhanced due diligence ou diligência devida melhorada), que é tratada em conjunto com o CDD, sendo que exige medidas adicionais voltadas a identificar e mitigar o risco imposto por clientes de risco mais elevado, como pessoas expostas politicamente, por exemplo, que em algumas instituições são considerados clientes de alto risco.Caso tenha interesse em conhecer mais sobre o KYC, KYE, KYS e KYP, compartilho link do normativo da autorregulação SARB 011/2013, que pode ser acessado aqui. Autor: Peterson CisEspecialista em Prevenção à Lavagem de Dinheiro, certificado pela ACAMS. Formado em Telecomunicações, com MBA em Planejamento e Gestão de Negócios e Especialização em Gerenciamento de Projetos. Profissional com mais de seis anos de experiência na área de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, coordenando equipes e projetos em instituições nacionais e multinacionais. Hoje é Coordenador das áreas de Monitoramento de Operações de PLD/FT e Onboarding de Clientes.