03/07/2025

Greenwashing: o que é, como identificar e prevenir riscos em ESG e PLD-FTP

03/07/2025

Greenwashig é um assunto muito comentado no mercado, mas que poucas pessoas conhecem exatamente o seu significado. Foi pensando nisso que o painel 5 do 7º Congresso Internacional do IPLD foi planejado, trazendo especialistas de diversos setores – tecnologia, empresarial, advocacia, análise de riscos e segurança pública – para esclarecer e promover a discussão sobre o tema.


Greenwashing: conceito e identificação


Por definição, o greenwashing visa mascarar e enganar a opinião pública quanto aos verdadeiros impactos que uma empresa causa ao meio ambiente, entretanto, essa prática vai além do marketing enganoso, podendo encobrir crimes graves, como o genocídio, quando relacionada, por exemplo, a casos de exploração ilegal de recursos naturais.


Mas como identificar a prática do greenwashing, tão prejudicial e antiética, e saber se a empresa, de fato, está comprometida com ESG ou se é algo de fachada? O conceito de greenwashing veio para identificar essas empresas que, de alguma maneira, apropriam-se de uma imagem de responsabilidade ambiental, porém, na verdade, não desenvolvem atividades que sejam de fato sustentáveis, comentou a moderadora, Drª Laurine Delfino, sócia da Neto Martins e Paula Advogados.


A identificação dessa prática pode gerar para as empresas prejuízos, multas, indenizações, queda nas suas ações, entre outros problemas. Sendo assim, a questão do greenwashing envolve riscos – legal, financeiro e reputacional – que precisam ser mitigados. Todavia, esses riscos estão ficando cada vez mais complexos, isto é, as empresas se utilizam de pautas ambientais, para esconder processos e fluxos ilícitos de recursos, o que dificulta a sua identificação e gerenciamento.


Ferramentas e estratégias para garantir transparência


Para garantir a credibilidade das ações de sustentabilidade, a especialista Dayana Uhdre, sócia-fundadora da Allia Eco, destacou três pilares como fundamentais: metodologias científicas, auditorias externas e tecnologia. É necessário que os dados ambientais, hoje, autorrelatados, sejam substituídos por metodologias aceitas e padronizadas, passíveis de autorias de terceira parte e baseados em informações advindas de sistemas integrados, que disponham de recursos tecnológicos como IA e blockchain, para que seja assegurada a sua transparência e a governança.


Para não virar uma vítima do Greenwashing, o representante da Bayer, Edson Souza, salientou a importância de não se olhar apenas para a própria empresa, mas para toda a sua cadeia de negócios. Na sua experiência, no contexto do agro, o desafio é estar atento, por exemplo, aos fornecedores, prestadores de serviço, produtores e exportadores, o que exige contratos bem elaborados, prática de due diligence, sistemas de verificação de integridade, procedimentos de adesão a padrões de conduta, entre outros, de maneira a prevenir o envolvimento da empresa em notícias que possam causar impactos reputacionais, bem como, sanções.


O papel da regulação e do monitoramento em ESG


Para o representante da Polícia Federal, Dr. Humberto Freire, é fundamental observar qual o principal objetivo das empresas que divulgam práticas sustentáveis: se querem apenas cumprir uma exigência formal, ou se estão, de fato, preocupadas com o real sentido dessa regulamentação, que visa a proteção do meio ambiente. Além disso, ele alertou que a prática do greenwashing não encobre apenas irregularidades de sustentabilidade, mas também crimes graves, e que o crime ambiental, mundialmente, é a terceira atividade criminosa mais rentável – movimenta até US$281 bilhões por ano – só ficando atrás do tráfico de drogas e do contrabando.


Durante o debate, também foi destacado pela representante da LexisNexis® Risk Solutions, Eloise Faria, que a evolução da PLD-FTP – não só aquela relacionada a questões socioambientais – tem ocorrido em três vetores principais: regulação, tecnologia e dados analíticos, impondo muitos desafios às empresas e às instituições financeiras, principalmente no conhecimento de contrapartes. Para enfrentá-los, é preciso acompanhar as mudanças nas legislações nacionais e de outros países com os quais haja relacionamento, implementar tecnologias sofisticadas e ampliar continuamente as análises relacionadas aos programas “Conheça” (KYC, KYE, KYS e KYP).


Melhores práticas: dados, tecnologia e integração ESG & PLD-FTP


No tocante às melhores práticas, ficou claro que não há que se falar em processo voltado para mitigação dos riscos socioambientais, sem o uso de tecnologia, diante da quantidade e complexidade de informações, bem como da necessidade de se efetuar cruzamentos. Entretanto, para o sucesso das ferramentas e soluções adotadas, é essencial cuidar da origem e da qualidade dos dados, garantindo a sua governança e rastreabilidade.


No final, os especialistas foram unânimes em enfatizar a necessidade de integração entre ESG e PLD-FTP, ou seja, de se incorporar os princípios de sustentabilidade e ética empresarial aos mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento ao terrorismo. Essa prática, entre outras, exige um ambiente regulatório atualizado, a colaboração entre setor público e privado, o uso de tecnologias avançadas e educação contínua, para mitigar riscos e promover integridade nas cadeias de valor.