22/02/2024 Atualizado em : 26/03/2024

Avanços do Brasil nas Recomendações do GAFI – Conformidade dos órgãos reguladores

22/02/2024 Atualizado em : 26/03/2024

O Relatório de Avaliação do Brasil pelo GAFI, divulgado no final de 2023, apresenta importantes recomendações para que o país possa melhorar o seu sistema de combate e Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo e Proliferação de Armas de Destruição em Massa (PLD-FTP). Entre os aspectos avaliados, destaca-se o conjunto de medidas relacionadas aos “Poderes e Responsabilidades de Autoridades Competentes e Outras Medidas Institucionais”. Essas medidas são essenciais para que o país possa não apenas prevenir, mas também combater eficazmente a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. 

No Brasil, a regulação e supervisão do setor financeiro são atribuídas a diferentes órgãos, cada um com responsabilidades específicas. O Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil (BCB) cuidam dos bancos e instituições financeiras. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regula o mercado de valores mobiliários, como ações e títulos. A Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) supervisiona seguradoras, resseguradores e empresas de capitalização, enquanto a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) é responsável pelas entidades de previdência complementar fechada. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) atua onde não há um regulador específico, abrangendo áreas como factoring e comércio de bens de luxo. Esses órgãos asseguram a integridade, estabilidade e eficiência dos mercados financeiros e de capitais no país.

O Brasil tem demonstrado comprometimento com estas recomendações, alcançando resultados significativos na implementação de medidas eficazes contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo. A avaliação do GAFI revela que o país cumpriu amplamente a Recomendação 26, integralmente as Recomendações 27 e 29 e cumpriu parcialmente a Recomendação 28. Esses resultados refletem o esforço contínuo do Brasil em fortalecer seu sistema financeiro e institucional contra ameaças financeiras globais, assegurando um ambiente seguro e íntegro para o desenvolvimento econômico. Para uma visualização clara do nível de conformidade com as recomendações do GAFI, o IPLD preparou uma ilustração com quatro recomendações específicas que ilustram como o Brasil está se saindo em termos de regulação e supervisão do seu sistema financeiro e de outros setores vulneráveis a esses crimes. Confira:

As recomendações parcialmente cumpridas

Como se observa, entre as recomendações analisadas, algumas não foram integralmente cumpridas pelo Brasil, indicando áreas que necessitam de atenção e aprimoramento. Por exemplo, a Recomendação 26, sobre a regulação e supervisão de instituições financeiras, foi avaliada como “amplamente cumprida”. No entanto, foi apontado que o país não possui um requisito explícito ou vinculativo para revisar o perfil de risco das instituições financeiras diante de grandes desenvolvimentos que possam alterar seu risco de exposição à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

Além disso, a Recomendação 28, que trata da regulação e supervisão das atividades e profissões não financeiras designadas (APnFDs), foi classificada como “parcialmente cumprida”. As deficiências notadas incluem a falta de regulação específica para advogados e Prestadores de Serviços a Empresas e Trusts (TCSPs) em relação às medidas de PLD-FTP. Adicionalmente, destacou-se a ausência de um requisito vinculativo para que os esforços de mitigação de riscos internos de LD/FT considerem a Avaliação Nacional de Riscos (NRA).

Essas deficiências apontadas pelo GAFI nas recomendações que não foram integralmente cumpridas sublinham a importância de revisões contínuas e a implementação de medidas mais estritas. Para o Brasil, endereçar esses pontos é fundamental para fortalecer seu sistema de combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo, alinhando-se ainda mais aos padrões internacionais estabelecidos pelo GAFI. A atenção a esses detalhes não apenas irá melhorar a integridade financeira do país, mas também reforçará sua posição no cenário financeiro global como um participante ativo na prevenção de crimes financeiros.

Autores

Gabriela Queiroz

Advogada

Analista internacional com especialização em Negócios Internacionais. Redatora do IPLD. Possui experiência com conteúdos de PLD-FTP, Compliance e Integridade.